terça-feira, 8 de março de 2011

Condições de trabalho prejudicam saúde de ceramistas

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas atesta que as más condições de trabalho vêm implicando negativamente na saúde dos ceramistas. A coleta de dados foi realizada em nove fábricas de pequeno porte no município de Pedreira/SP, onde é crescente o número de afastamentos e casos de invalidez de ceramistas. A pesquisa foi publicada na revista mensal "Cadernos de Saúde Pública" da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.

De acordo com as autoras da pesquisa Adriana Cristina de Souza Melzer e Aparecida Mari Iguti, o objetivo foi descrever as condições de trabalho, determinar a prevalência de dor e identificar associações entre sintomas e variáveis organizacionais, biomecânicas e individuais. Os voluntários responderam a questões variadas sobre carga de trabalho físico, incidência de movimentos repetitivos, postura no trabalho, manuseio de ferramentas, histórico de trabalho e fatores de risco psicossociais.


Fatores
Nas nove fábricas, 55 trabalhadores estavam em licença por doença, sendo que 13 deles, devido a lesões músculo-esqueléticas. No ambiente de trabalho foram detectados problemas como alto nível de ruído de fornos, fogões e máquinas, temperatura elevada na área de produção e iluminação inadequada. Entre as reclamações dos funcionários estavam em destaque as dores osteomusculares; com dores nas pernas (35%), costas (33%), pescoço (9%), ombros (9%), mãos/pulsos (9%), cotovelos (3,5%) e região do tórax (1,5%). A pesquisa detectou como fatores relacionados às dores: a repetitividade, a utilização inadequada de instrumentos de trabalho, a falta de autonomia para decisões, a preocupação com a produção, os problemas de relacionamento, a insatisfação no trabalho e o desejo de mudar de função. "A dor osteomuscular é uma das consequências do elevado custo humano derivado das condições e da organização do trabalho nas indústrias cerâmicas", atestaram as autoras da pesquisa.


Condições de trabalho
O estudo revelou que as dores músculo-esqueléticas dos ceramistas estão amplamente relacionadas às condições de trabalho e de organização que predominam nessas indústrias. As mulheres são mais afetadas, por atuarem geralmente no setor de acabamento e decoração, onde o ritmo é acelerado, as tarefas são repetitivas e monótonas, a autonomia é mínima e a postura de trabalho é estática. As autoras observaram ainda que, nos casos de invalidez, a procura tardia pelo aconselhamento médico é um dos fatores mais influentes.

Fonte: Redação Revista Proteção

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