domingo, 16 de janeiro de 2011

Profissão de terapeuta ocupacional tem futuro promissor

A atuação dos terapeutas ocupacionais em unidades públicas de saúde da cidade do Rio de Janeiro foi tema de dissertação de mestrado defendida em dezembro na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). A autora do trabalho, Claudia Reinoso Araújo de Carvalho, aplicou questionários a 50 profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Questionados sobre suas dificuldades no trabalho, 72% citaram a deficiência de materiais e 64% mencionaram o espaço físico inadequado para a realização das atividades. Também chamou a atenção da pesquisadora o fato de que mais da metade dos profissionais relatou sentimento de impotência diante do prognóstico desfavorável de um paciente. Apesar desses desafios, a pesquisa de Claudia descreve terapeutas profissionais entusiasmados com o futuro da profissão.

"No passado, a formação em terapia ocupacional no Rio se concentrava em instituições privadas. Hoje, a cidade conta com dois recentes cursos de graduação oferecidos por universidades federais. Temos uma perspectiva de crescimento da profissão no município, com aumento dos postos de trabalho e possibilidade de alavancar pesquisas na área", diz Claudia. Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), terapia ocupacional "é uma área do conhecimento voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumas e/ou doenças adquiridas, por meio da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos".

Claudia também fez entrevistas com sete professores que lecionam em instituições públicas ou privadas e têm experiência de trabalho no SUS. Por um lado, os docentes destacaram a pouca tradição dos terapeutas ocupacionais em atividades de pesquisa e reconheceram a necessidade de promover a qualificação profissional. Por outro, eles consideraram que seus cursos têm a preocupação de formar terapeutas ocupacionais que atendam às necessidades do SUS.

Porém, na prática das unidades públicas de saúde do Rio, a maioria dos profissionais ouvidos identificou limites entre a formação que recebeu e o exercício da profissão. Destaca-se que a maior parte deles se formou há mais de 15 anos e não se beneficiou das reformas curriculares, o que também explica por que 40% não cursaram disciplina relacionada à saúde pública. "Dos formados há menos tempo, somente um não havia cursado disciplina de saúde pública", afirma Claudia. Outra boa notícia dos tempos atuais é um mercado aberto e em expansão: 78% dos profissionais trabalham em mais de um lugar como terapeutas ocupacionais, inclusive recém-formados. As áreas de atuação mais citadas foram saúde mental (22%) e atenção básica (18%). A expectativa é que a dissertação de mestrado de Claudia ajude os novos cursos de graduação a definirem melhor seus rumos e contribua para legitimar o campo da terapia ocupacional no âmbito da saúde pública.


Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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