sábado, 28 de maio de 2011

Seg. Doméstica - Período chuvoso provoca aumento de acidentes com animais peçonhentos

As ocorrências envolvendo acidentes com animais peçonhentos sempre aumentam na época das chuvas, que vai de novembro a abril em Mato Grosso. No ano de 2011, dados parciais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde foram 269 notificações de acidentes por animais peçonhentos como serpentes, escorpiões, aranhas, abelhas, lagartas e peixes (Arraia) e 01 registro de óbito. Em 2010, o total de notificações foi de 2.154 casos (dados parciais), com 06 registros de óbito em todo o Estado.
Em 2009 foram notificados 2.059 casos e 13 óbitos. Já em 2008 esse número foi de 1.807 ocorrências com 10 óbitos. Em 2007 foi de 1.665 com 05 óbitos. A maioria dos acidentes foi notificada como tendo ocorrido na zona rural e as vítimas eram homens.
Por isso a técnica responsável pelo Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos, da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT), bióloga Sandra Carolina Vilela Lima, aproveita a ocasião para informar o que pode ser feito quando se deparar com esses animais e relembra a necessidade de adoção de alguns cuidados básicos para prevenir e evitar as ocorrências de acidentes envolvendo animais peçonhentos.
“Nos municípios da Baixada Cuiabana os moradores  que encontrarem escorpiões, aranhas e outros animais peçonhentos em seus quintais ou residências devem acionar o serviço de capturas desses animais, no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), pelo telefone 3617-1680. Caso seja uma serpente, o Corpo de Bombeiros local deve ser contatado”, recomendou Sandra Lima.
Já no interior do Estado, o procedimento envolve recorrer também ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), se o município tiver esse serviço estruturado. Não havendo um CCZ estruturado no município os moradores podem chamar o Corpo de Bombeiros local, solicitando uma captura de animais peçonhentos.
Sandra Lima explicou que “as consequências de uma picada de animal peçonhento variam de acordo com a espécie do animal agressor, mas em idosos e crianças de até 10 anos os efeitos e sequelas costumam ser mais intensos e sérios. Por isso a importância das medidas de prevenção, bem como a divulgação de orientações sobre os principais animais peçonhentos em Mato Grosso”.
ESCORPIÕES - Segundo Sandra Lima, a espécie de escorpião que mais preocupa, no Estado, é o Escorpião Negro (Tityus paraensis). O acidente com este escorpião provoca dor imediata com variação de intensidade de pessoa a pessoa. Em casos mais graves pode apresentar náuseas, vômitos, alteração da pressão sanguínea, agitação e falta de ar. Os mais vulneráveis são as crianças de até 07 anos, os idosos e pessoas com baixa imunidade (imunodeprimidos). As espécies que mais aparecem em Cuiabá são “amarelinho" (Tityus confluens), Tityus fasciolatus, Tityus mattogrossensis e Ananteris balzani. Na Baixada Cuiabana, além dessas espécies pode se encontrar a Bothriurus araguayae. Todos possuem veneno de toxidade baixa para os seres humanos, causando apenas dor variável e inchaço.
PREVENÇÃO CONTRA ESCORPIÕES – Uma das maneiras mais comuns dos escorpiões entrarem em contato com os humanos é invadindo as residências por meios dos canos de esgoto, local onde vivem as baratas. Os escorpiões penetram no esgoto em busca das baratas, que lhes servem como alimento, e daí entram nas casas por meio dos ralos dos banheiros ou da cozinha.
A recomendação é a vedação das tampas dos ralos, enquanto não for necessário seu uso. Outro local onde as baratas vivem, e onde os escorpiões podem ser encontrados, são as caixas de gordura das residências. Nesse caso a limpeza frequente dessas caixas de gordura pode evitar o perigo de ser picado por um desses animais.
SERPENTES - Existem quatro gêneros de serpentes peçonhentas (répteis que possuem veneno e um aparelho inoculador desse veneno, ou seja, presas): a Jararaca, a Cascavel, a Surucucu e a Coral Verdadeira.
A Jararaca é uma serpente que habita o Cerrado e regiões de matas ciliares e seu veneno é do tipo proteolítico. Sua picada provoca inchaço, vermelhidão, necrose do tecido e pode surgir hemorragia que pode levar à insuficiência renal e, consequentemente, a óbito. O único tratamento para a picada desse animal (como das demais serpentes) é o soro antiofídico. A vítima que sofrer um ataque por serpentes peçonhentas deve ser removida com calma do local do acidente (porque maior agitação faz com que o veneno se espalhe com mais rapidez) até uma unidade de saúde.
A cascavel tem como habitat o Cerrado, mas também frequenta áreas próximas a plantações de grãos. Essas plantações são locais de moradia de ratos e outros roedores, alimento preferido desse tipo de serpentes. Na zona rural, se houver ratos no interior de uma residência, pode acontecer de uma serpente invadir o local a procura de seu alimento favorito. Os ataques por parte de Cascavéis são em menor número do que os da Jararaca por um motivo: as cascavéis avisam, antes de atacar, tocando o seu famoso guiso.
O veneno da cascavel é neurotóxico, atacando o sistema nervoso central. Os sintomas externos são a paralisia dos membros. Sandra Lima disse que “a pessoa fica com cara de bêbado, motivo pelo qual se recomenda que não se dê bebida alcoólica a quem for picado por essa serpente, pois o álcool pode mascarar os sintomas do ataque. O veneno provoca paralisia da musculatura, microcoagulos do sangue e também insuficiência respiratória e renal, podendo levar à morte”.
A Surucucu ocorre com mais frequência na região Amazônica e é considerada a maior serpente venenosa da América do Sul, podendo chegar a 3,5 metros. O veneno da Surucucu é tanto neurotóxico como proteolítico. Sandra Lima disse que “é como se a pessoa fosse picada por uma Jararaca e uma Cascavel, ao mesmo tempo”.
A Coral Verdadeira é a serpente que possui menos registro de acidentes porque ela habita galerias subterrâneas e o interior de cupinzeiros. Outro fator que faz com que o número de acidentes causado por Corais seja pequeno é a localização muito recuada, dentro da boca do animal, do dente que inocula o veneno na vítima. Porém, se a Serpente conseguir picar um humano o acidente é de alto risco à vida, atacando o sistema nervoso central, e pode ser letal.
PREVENÇÃO CONTRA SERPENTES – A medida de prevenção mais comum para evitar acidentes que envolvam Serpentes é evitar os locais onde elas podem ser encontradas. Se tiver que adentrar o habitat das serpentes a pessoa deve calçar botas de cano longo, vestir calças compridas de tecido grosso e camisa de manga comprida do mesmo tipo de tecido. Em depósitos de grãos, por exemplo, os cuidados devem ser redobrados e os trabalhadores devem se movimentar sempre com muita atenção. Nos casos em que as pessoas sofram ataque devem procurar imediatamente ajuda médica na unidade de saúde mais próxima.
ARANHAS – Do início de dezembro até o fim de Janeiro é o período de reprodução da Aranha Caranguejeira (mygalomorpha) em Mato Grosso. No Estado existem ainda as espécies “Armadeira” (phoneutria sp), “Marrom Amazônica” (loxosceles sp), e a “Viúva-Amarela”. Embora de menor toxidade, a aranha Viúva-Amarela é do mesmo gênero da Viúva Negra e também pode provocar acidentes moderados, como formigamento no local da picada. O veneno da maioria das Aranhas Caranguejeiras não é tóxico para o homem. Entretanto, sua picada é dolorosa e seu pêlo pode causar irritação. A Armadeira é uma espécie agressiva que provoca dor intensa e imediata no local da picada.
As aranhas “Marrom Amazônica” não são agressivas e atacam se sentirem ameaçadas, mas a sua picada provoca, após 12 a 24 horas, o aparecimento de bolhas e escurecimento da pele (necrose) e o acidente é considerado de alto risco à vida. A sua identificação é fácil porque tem uma coloração marrom-avermelhada, com o abdômen em forma de azeitona. Mede cerca de 3 centímetros de comprimento total. Possui hábitos noturnos, vive em teias irregulares que tecem, podem ser encontradas em cascas de árvores, folhas, cavernas e dentro das residências preferem ficar escondidas atrás de quadros e móveis.
PREVENÇÃO CONTRA ARANHAS - Para prevenir e reduzir o número de acidentes com Aranhas algumas das recomendações são: manter limpa a casa e a área ao seu redor e, evitar lixo e entulhos que podem servir de abrigo para muitos desses animais, tapar frestas e buracos nas paredes, tapar ralos de pias e de banheiros, examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho antes de usá-las e não colocar as mãos em tocas, buracos ou ocos de árvores.
Nos sítios e chácaras, manter uma área limpa em volta da casa, sem mato e, quando for aos pomares, seguir as orientações dos hábitos desses animais, pois a maioria deles gosta de ficar em cascas de árvores, escondidos entre as folhas do solo, debaixo de pedras, em locais úmidos e escuros. Quem pratica eco turismo também deve se proteger usando calçados fechados como botas e tênis.
ARRAIAS – Em Mato Grosso existe a Arraia de água doce, um peixe que é parente do tubarão, e que também pode provocar acidentes em contato com os humanos. A arraia possui um ferrão na cauda que, uma vez que o animal se sinta ameaçado, pode ser usado e causa dor moderada na vítima, mas uma vez que a pessoa saia da água a dor é duplicada porque o veneno é ativado em contato com o oxigênio. No município de Nobres o animal aparece muito no rio Triste, mas foram registradas ocorrências em vários outros rios do Pantanal.
A Arraia de água doce não ataca. Os acidentes acontecem quando banhistas e/ou pescadores andam nos rios e pisam numa delas, o que é entendido pelo animal como um ataque. Para se defender ela usa o seu ferrão.
PREVENÇÃO CONTRA ARRAIAS - A recomendação de Sandra Lima é para que as pessoas não caminhem dentro d’água como se estivem andando fora dela. “Ao andar dentro dos rios as pessoas devem arrastar os pés, evitando assim pisar sobre a Arraia que, ao ver a aproximação do banhista, vai sair do local sem causar dano”.
ABELHAS – Ataques de Abelhas (Europa e Africana) também podem ocorrer em Mato Grosso. Uma vez que a pessoa tenha sido picada o melhor procedimento é procurar uma Unidade Básica de Saúde para receber os cuidados médicos necessários.
PREVENÇÃO CONTRA ATAQUES DE ABELHAS – No caso das Abelhas a melhor prevenção é não se aproximar da Colmeia. Uma vez que os ataques ocorrem nas regiões de floresta onde elas gostam de fazer sua Colmeia, estar protegido com botas, calças e camisas de manga comprida feita de tecido grosso, ajuda.
Sandra Lima avisou que, ultimamente, a lagarta Lonômia está aparecendo em Mato Grosso. “A primeira ocorrência de acidente envolvendo a Lonômia aconteceu em Chapada dos Guimarães, no ano de 2006. Um segundo caso foi registrado em 2007, numa Agrovila do município de Campo Verde. A ocorrência mais comum dessa lagarta é no Sul do País, mas ela está sendo introduzida em Mato Grosso”, disse a técnica.
De coloração marrom-esverdeada, a lagarta Lonômia gosta de ficar em grupo nos troncos das árvores, o que faz sua cor se confundir com o tronco. As pessoas desatenciosas colocam a mão ou se encostam ao tronco entrando em contato com as cerdas (espinhos) do corpo da lagarta que penetram na pele e jogam o veneno no corpo da vítima. O veneno da Lonômia pode causar hemorragia cerebral. A única prevenção se constitui em muita atenção ao andar em local de floresta.
“O mais importante em caso de acidente com um animal peçonhento é levar a vítima para uma unidade de saúde mais próxima de sua casa, o mais rápido possível. Se alguém for picado, por uma serpente, escorpião ou aranhas, não deve amarrar ou tentar sugar o veneno no local da picada, nem cortar, aplicar borra de café, sabão, fumo ou fazer qualquer outro tipo de intervenção sem fundamento, que pode ocasionar contaminação, necrose, amputações e até mesmo a morte da vítima. Em hipótese alguma se deve oferecer qualquer tipo de medicamentos, via oral, e/ou bebidas que contenham álcool. Este tipo de procedimento não ajuda em nada e só piora o caso,” reforçou a Técnica da SES/MT.
A Secretaria de Estado de Saúde possui, como uma de suas unidades desconcentradas, a Gerência de Núcleos em Apoio da Vigilância em Saúde Ambiental que presta informações e tira quaisquer dúvidas sobre acidentes com animais peçonhentos por meio do telefone 3661-2494. A recomendação é que no caso da pessoa picada por animais peçonhentos a primeira medida é tentar manter a vítima calma, lavar o local afetado com bastante água e sabão e, imediatamente após, levá-la a uma unidade de saúde.



Fonte: O Documento

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