quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Profissionais de Odontologia devem cuidar de suas articulações

Atualemente um avanço significativo da ergonomia é percebido nos ambientes de trabalho, destacando-se as melhorias nos equipamentos odontológicos. Essa melhora do conforto do dentista, embora significativa, ainda não proporciona um ambiente totalmente livre de posturas incorretas. Em seu consultório as questões an­­tropométricas, psicossociais e ambien­tais devem ser consideradas, para que não ocorra o desenvolvimento de patologias ocupacionais nesse profissional.

Nas tarefas laborais executadas pelos dentistas uma das articulações mais so­brecarregadas são as articulações dos om­bros, destacando-se a articulação glenou­meral. Conforme o médico do Trabalho, Hudson de Araújo Couto, a articulação do ombro é bastante complexa, especialmente o manguito rotador. Seus movimentos permitem ao indivíduo significativas mudanças posturais e posições técnicas. No entanto, todos os movimentos extremos do om­bro somente podem ser executados poucas vezes e contra pequena resistência. Caso con­trário, poderão vir a sofrer de sobrecarga e, consequentemente, originar uma lesão.

Nota-se que uma das estruturas mais sobrecarregadas é o músculo-supraes­pi­nhoso, o qual quando contraído proporciona desconforto na articulação umeral, prejudicando a mobilidade dessa região. Nesse sentido, quando o profissional permanecer estaticamente por muito tempo com o braço afastado, desenvolverá uma sobrecarga significativa também nos tendões e ligamentos.

O estudo de problemas ergonômicos nos layouts odontológicos e sua relação com os profissionais da área têm ­evoluído consideravelmente nos últimos anos, mas, ainda percebemos um número considerá­vel de distúrbios osteomusculares relacio­nados às atividades realizadas por esses profissio­nais. Assim, esses constrangimentos constituem um conjunto de afec­ções oriundas das atividades laborais coti­dianas nas regiões músculo-esqueléticas.

A ergonomia do produto ainda tem mui­to a crescer na área odontológica, bem como a postura adotada por esse profissional ainda requer muitos avanços. No mundo contemporâneo, o dentista ainda executa procedimentos antiergonô­mi­cos em função das suas ferramentas de trabalho. É importante considerar que o profissional de odontologia ­trabalha aproximadamente 10 horas diárias nas mais di­versificadas posições, acarretando sérias conse­quências para o seu sistema articular. Dessa forma, torna-se necessário analisar cuidadosamente a postura desse profissional, especificamente, os danos encontrados na articulação do ombro, a qual é uma das mais utilizadas na atividade, principalmente na regulação da claridade e pega de materiais.

É importante compreender o trabalho do dentista para que possamos transfor­má-lo em uma atividade mais segura, saudável e confortável.
Ombros
O dentista utiliza com frequência várias articulações, destacando a articulação do ombro que tem uma exigência significativa durante as atividades cotidianas. Conforme a fisioterapeuta Eli­sân­gela Cris­cuo­lo e colaboradores, a articulação do ombro é a mais flexível do corpo humano, sendo realizada nos três planos e eixos. Da mesma forma, os au­tores Carrie Hall e Lori Thein Brody descrevem as formações das articulações que com­põem o ombro, as quais são cons­ti­tuídas pelas si­noviais, acromioclavi­cular, es­ter­no­clavicular e glenoumeral, permitindo ao ombro condições de executar movimentos significativos.

A ampla variedade de movimentação do ombro favorece a mobilidade. Por outro lado, quando os li­mites do ser humano não são respeitados e as atividades laborais são realizadas em condições antiergonô­mi­cas, existe a possibilidade de comprometer significativamente a saúde do trabalhador, especialmente a do dentista que tem uma utilização considerável dessa articulação. Hall e Brody alertam ainda que trabalhos realizados com braços suspensos poderão comprometer a integridade dessa articulação.

Segundo o pesquisador Itiro Iida, o om­bro é formado por um conjunto de articu­lações que funcionam de forma harmônica com diversos tendões e músculos, em que a contração sincronizada ­desses músculos proporciona uma alta mobili­za­ção do úmero. Assim, muitas lesões podem ocorrer, principalmente, quan­do o braço for elevado acima dos ombros, especialmente nos movimentos excessivos de ab­du­ção acima de 90º graus. Essa situação po­derá originar um quadro clínico de bur­site subacromial, devido à compressão man­tida e repetitiva nesse local.

Alguns autores estrangeiros relatam que a região lombar e a articulação do ombro são consideradas as de maiores in­cidência de queixas dos dentistas, resultando um número expressivo de faltas ao trabalho.

Segundo Couto, movimentos vigorosos e repetidos dos membros superiores, com os braços acima do nível dos ombros, acarretam o pinçamento do tendão do músculo-supraespinhoso entre a cabeça do úmero e o ligamento coraco-acromial, resultando em isquemia, inflamação e dor. Assim, a repetição do movimento leva à calcificação, ocasionando a inflamação, principalmente quando a elevação ocorre acima de 45 graus, conforme a figura Ângulo de conforto da articulação do ombro.
Autores: Pedro Ferreira Reis e Antonio Renato Pereira Moro

Fonte: Revita Proteção

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